Descrição

Apresentação de pressupostos e contexto do surgimento da Sociologia como ciência, seu desenvolvimento no Brasil e no mundo, as escolas de pensamento, e a contribuição histórica e atual, com objetos e temáticas de estudo.

Propósito

Possibilitar uma visão crítica da realidade concreta, das relações sociais e do mundo em que estamos inseridos, com a Sociologia como uma ferramenta para a percepção de que somos sujeitos da história, capazes de ações coletivas do cotidiano.

OBJETIVOS

Módulo 1

Descrever de que forma o pensamento social foi historicamente estruturado até o surgimento da Sociologia como ciência

Módulo 2

Identificar os pressupostos históricos, políticos, sociais, econômicos e culturais que fundamentaram o surgimento da Sociologia

Módulo 3

Reconhecer as distintas abordagens metodológicas do campo sociológico, bem como os seus objetos de estudo, suas temáticas e escolas de pensamento

Introdução

Antes de tudo, para compreendermos a Sociologia, devemos refletir sobre sua origem. A definição da Sociologia como uma ciência para entender a sociedade, em geral, vem acompanhada do pensamento: “Aprender Sociologia deve ser muito complicado!”.

Mas o que pretendemos demonstrar aqui é que não! Não é — nem deve ser — difícil compreender essa ciência e seu papel fundamental tanto para a vida em sociedade quanto para a sua formação profissional.

De que modo essa ciência pode nos ajudar na compreensão desse mundo marcado por mudança, diversas divisões sociais, conflitos étnicos e relações sociais rápidas e fragmentadas?

Como a Sociologia pode ser uma ferramenta para analisar as transformações que a tecnologia tem promovido radicalmente na natureza?

A Sociologia pode contribuir na análise desta era de incertezas e crises, por meio de suas escolas de pensamento e metodologias diversas?

Para todas essas questões, cada um de vocês tem algumas explicações particulares, tem suas opiniões sobre tecnologia, desigualdade, crises, não é mesmo?

Mas a Sociologia apresenta uma forma diferenciada de ver todas essas questões e pensar sobre elas.

A Sociologia busca fazer uma interconexão de um problema, seja ele qual for, com o contexto social.

Ou seja: é uma ciência que parte da ideia de que não se trata apenas de um problema individual, mas sim social.

Portanto, a Sociologia está preocupada com os aspectos sociais, e não individuais.

Sociologia? Não quero! Vamos entender por que você precisa urgentemente rever os seus conceitos sobre a Sociologia

Neste vídeo, o especialista falará sobre a Sociologia e sua importância.

MÓDULO 1


Descrever de que forma o pensamento social foi historicamente estruturado até o surgimento da Sociologia como ciência

Uma ciência para entender a sociedade

Começaremos nosso percurso para conhecermos um pouco mais sobre o surgimento dessa ciência que busca entender a sociedade, apresentando o que caracteriza o pensamento científico. Isto é, para compreendermos como a Sociologia se tornou uma ciência, precisamos, primeiramente, de uma rápida definição sobre o que é ciência.

Para isso, partiremos da noção de que o ser humano está buscando explicações sobre os fatos que observa em seu cotidiano, o tempo todo. Podemos dizer que, ao longo de nossa história, as necessidades de encontrar justificativas e de entender os fenômenos da natureza e da vida sempre estiveram presentes.

Como a natureza produz certos eventos?

Por que o ser humano se comporta de determinado modo?

De que maneira alguns acontecimentos ocorreram?

Essas são algumas das questões que indivíduos como nós, oriundos das mais diversas culturas e tempos, sempre tentaram responder. Saiba que isso é possível a partir de diferentes formas de conhecimento.

Uma das mais utilizadas é o senso comum, expressão que designa um conjunto de saberes e opiniões que determinada comunidade humana acumulou no decorrer do seu desenvolvimento. Desenvolvendo ainda mais, podemos dizer que é produto das experiências vividas por um povo ou por um grupo social.

Esse saber comum constitui um patrimônio que herdamos das gerações anteriores e que partilhamos com todos os indivíduos da comunidade a que pertencemos.

O senso comum é aquele pensamento mais imediato, superficial, cheio de sentimentos, que, em geral, passamos de geração a geração, por meio das nossas redes familiares, afetivas e de convivência mais direta. Esse tipo de conhecimento se caracteriza por abranger um conjunto de saberes simples, pouco elaborados e que resultam da experiência de vida.

Nessa forma de conhecimento, você já deve ter percebido que reproduzimos comportamentos e valores a partir de uma experiência natural. E fazemos desse modo quase sempre sem refletirmos, apenas passando adiante o que nossa rede de confiança e afeto nos trouxe.

Assim, esse tipo de saber, muitas vezes, se manifesta por meio de ditos populares e pode vir carregado de preconceitos.

Quem nunca ouviu que cortar os cabelos durante a lua crescente faz com que os cabelos cresçam mais rápido ou que esfregar uma aliança de ouro até esquentar e pôr em cima do terçol acaba com ele?

Ou ainda frases, como: “Em time que está ganhando não se mexe.” e “Brasileiro gosta de samba, churrasco e futebol”? Há ditos, pensamentos e ensinamentos que são extremamente presentes em nossas vidas e que em algum momento já reproduzimos.

Mas, refletindo brevemente sobre eles, será que podemos comprovar essas informações? Quais as teorias, os dados e as experiências utilizados para produzir essas afirmativas?

Resposta

No senso comum, não é necessário que se comprove o que é dito. Ele é um saber informal que se origina de opiniões de determinado indivíduo ou grupo que é avaliado conforme o efeito que produz nas pessoas.

Essa é uma das principais diferenças entre senso comum e conhecimento científico, que tem a sua veracidade ou falsidade conhecida através da experimentação. Isso quer dizer que a característica da verificabilidade das afirmações ( hipóteses) é um elemento central para a ciência.

Hipóteses

Entenderemos “hipóteses” como construção de ideias, teses sobre um assunto ou questão. Não se propõem definitivas, mas está posto como algo que precisa de uma análise para que apoie ou refute sua construção.

Esse tipo de conhecimento não é definitivo, absoluto ou final.

Sempre está aberto a novas proposições e ao desenvolvimento de técnicas que podem reformular o acervo de teoria existente. A refutação de teses, hipóteses e o questionamento são bases desse tipo de conhecimento.

A ciência, por meio de seus métodos, teorias e conceitos, é uma forma mais aprofundada de entendimento e explicação dos fenômenos que, como anunciamos no início, os indivíduos buscam explicar. Para isso, conta com métodos rigorosos, como:

1

Observação


Pergunta

2


3

Pesquisa


Hipótese

4


5

Experimentação


Análise de dados

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7

Conclusão

Importante dizermos que um conhecimento não anula o outro. Mas cumprem funções e objetivos distintos; o pensamento científico, por todo seu rigor, sua característica de verificabilidade, e pela possibilidade de crítica e questionamento, apresenta-se como o tipo de conhecimento que deve acompanhar, por exemplo, nossa formação acadêmica.

Senso Comum

Científico

Superficial

Conforma-se com a aparência.

Elaborado

Baseia-se em fatos, teorias e metodologias para fazer afirmações.

Sensitivo

Referente a vivências, estados de ânimo e emoções da vida diária.

Racional

Precisa ter uma coerência racional.

Subjetivo

É o próprio sujeito que organiza suas experiências e conhecimentos.

Objetivo

Busca a proposição de modelos gerais.

Acrítico

Verdadeiros ou não, a pretensão de que esses conhecimentos o sejam não se manifesta sempre de uma forma crítica.

Crítico

Experiências empíricas e questionamentos.

Sociologia é ciência?

Ainda sobre o pensamento e o fazer científico, vale dizer que é muito comum associá-lo a certas áreas de conhecimento, como as que chamamos de ciências exatas, biológicas e da natureza.

Ou seja, quase sempre quando pedimos o exemplo de uma ciência recebemos como resposta: Matemática, Biologia, Física. Ciências, em geral, que investigam fenômenos da natureza.

E a Sociologia? Como vai aparecer nessa conversa?

Ela desponta na explicação dos fenômenos sociais.

Iremos, aqui, nos debruçar sobre a ciência que investiga os problemas que o homem enfrenta na vida em sociedade. Aquela que parte sempre da desnaturalização e do estranhamento.

Em outras palavras, a que procura questionar tudo aquilo que, no comportamento humano, parece “natural” e imutável, e negar a atitude “isso sempre foi assim, e vai continuar assim para sempre”.

O olhar sociológico observa a realidade com distanciamento e objetividade, buscando desenvolver um ponto de vista questionador e a explicação das razões de determinados fenômenos sociais.

A Sociologia procura construir suas análises sem deixar que preconceitos e pré-julgamentos morais interfiram. Por ser uma ciência, ela parte de teorias, hipóteses e experimentações para embasar seus argumentos e afirmações. “Eu acho que...”, “Na minha opinião” ou “Fiquei sabendo!”, formas de argumentação tão presentes no senso comum, são rejeitadas pela Sociologia.

Vejamos agora um exemplo:

Sociologia X Senso comum

Se alguém nos perguntasse sobre desigualdade social, nós poderíamos — pelo nosso conhecimento de senso comum, nossa vivência e nossa trajetória — emitir nossa opinião, o que achamos e pensamos sobre o tema. Mas, por meio da Sociologia, podemos dar uma resposta com dados, demonstrações e teses que comprovam de muitas formas o problema da desigualdade social.

Ainda mais detalhadamente: com base em senso comum, alguém afirma que “prostituição é uma vida fácil”. Sobre esse tema, no trabalho Identidade e política: a prostituição e o reconhecimento de um métier no Brasil, Soraya Silveira Simões analisa a mobilização das prostitutas no Rio de Janeiro pelo reconhecimento de uma identidade profissional.

Trabalho muito importante que traz o foco na formação das associações de prostitutas no Brasil, a partir dos anos 1980, na participação efetiva no movimento de prevenção da AIDS e na interlocução com o Ministério da Saúde na conquista do almejado registro da prostituição na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), do Ministério de Trabalho.

Como já falamos, o senso comum não deve ser rejeitado. O que estamos propondo é que você pode ir além desse conhecimento, neste caso, sobre a sociedade. A exemplo do fenômeno da desigualdade social, existem muitas outras coisas que acontecem na sociedade que nos atingem diretamente e que a Sociologia pode contribuir — e muito — em sua compreensão.

Modo costumeiro de pensar

A contribuição da Sociologia

O indivíduo é capaz de escolhas autônomas e individuais sobre suas preferências.

O indivíduo é fortemente condicionado pelo contexto no qual está inserido.

O que move a ação humana são as necessidades e os interesses materiais.

Toda ação parte de um cálculo racional sobre benefícios e custos, visando à otimização dos resultados.

As relações sociais são marcadas, principalmente, pela liberdade.

O processo de socialização é fundamental para as relações entre os indivíduos.

Neste módulo inicial, apresentamos brevemente o que caracteriza o pensamento e o fazer científico, destacando a Sociologia como a ciência que pode nos ajudar a entender a sociedade, bem como os problemas que a constituem.

Pois bem, antes de nos aprofundarmos na dinâmica do pensamento sociológico, objetivos e contribuições, buscaremos conhecer como a Sociologia surgiu. Para isso, faremos um passeio pela história para encontrarmos suas bases.

Em síntese, podemos dizer que Sociologia aponta a necessidade de assumirmos uma visão mais ampla sobre o que somos, além de rompermos com a nossa forma de ver o mundo a partir de características familiares às nossas próprias vidas.

Entender como essas influências se constituem fazendo com que nossas vidas individuais reflitam os contextos de nossa experiência social é fundamental para a abordagem sociológica.

Aí, você se pergunta: e como ela faz isso?

Resposta

Mostrando que aquilo que encaramos como natural, inevitável, imutável ou uma verdade absoluta pode não ser bem assim. A Sociologia revela e explicita que diversos aspectos das nossas vidas são diretamente influenciados por forças históricas e sociais.

Além disso, é importante destacarmos que a Sociologia é uma ciência ainda em construção, bem jovem, mas que, desde o seu início, em meados do século XIX, procura explicar as estruturas e os processos sociais, políticos, econômicos e culturais das sociedades.

Saiba que é este um dos objetivos deste material: apresentar como surgiu esta ciência, em que contexto e a partir de quais bases teóricas. Para isso, privilegiamos a discussão sobre o senso comum versus o conhecimento científico, a relação entre o sujeito e o objeto, os paradigmas e a reflexão sociológica.

A “gênese sociológica”: como tudo começou

Apesar de a ciência sociológica ser considerada nova, pois ela se consolidou por volta do século XIX, a busca por se entender as sociedades, por sua vez, não é tão nova assim. Encontramos o desejo por conhecer mais sobre os fenômenos sociais ainda na Grécia Antiga, com os sofistas — filósofos que se debruçaram sobre os problemas sociais e políticos daquela época.

Então, podemos dizer que os gregos criaram a Sociologia? Não.

Mas o pensamento crítico filosófico desenvolvido por eles foi fundamental para o rompimento com explicações místicas acerca dos acontecimentos da sociedade, impulsionando o que hoje chamamos de ciência.

Tanto é assim que o pensamento filosófico grego permaneceu sendo essencial para o desenvolvimento da ciência séculos mais tarde. Vocês devem já ter estudado quando o mundo mergulhou em um período de “trevas” durante parte da Idade Média (476 a 1453) e as explicações sobre os fenômenos sociais e da natureza foram hegemonizadas pelo campo religioso, correto?

Durante séculos, a fé e o misticismo se apresentavam como as únicas explicações possíveis para os fatos do mundo. Isso se deu de tal forma que as tentativas de explicações mais racionais sobre a sociedade eram perseguidas e asfixiadas.

Como, por exemplo, as teorias sobre a Terra ser redonda e não ser o centro do universo, que geraram perseguição e morte. Mas você deve estar se perguntando qual seria a relação da Filosofia grega com tudo isso.

Vejamos... Se até meados do século XV houve esse predomínio dos princípios religiosos na organização e nas explicações das relações sociais, foi a partir da Filosofia e da base do pensamento grego que esse predomínio começou a ser desfeito. Iniciava-se uma renovação cultural, que ficou conhecida como Renascimento.

Os adeptos desse movimento ficaram conhecidos como renascentistas. Eles rejeitavam as explicações aos moldes da Igreja Católica e questionavam estruturas, valores e afirmativas místicas ou teológicas, sem reflexão ou criticidade.

O movimento renascentista floresceu por muitas partes da Europa e suas percepções racional, crítica e científica contaram com representantes na:

Arte

Ciência

Literatura

Filosofia

Esse configura-se como um dos momentos históricos de extrema relevância para o futuro surgimento da Sociologia.

Lembre-se de que foi durante o Renascimento que a doutrina do antropocentrismo influenciou pensadores, como Nicolau Maquiavel (1469-1527) e Francis Bacon (1561-1626), que com suas obras impulsionaram os tempos de domínio da ciência que se iniciavam.

Segundo esse sistema filosófico, os homens passavam a ser vistos como o centro de tudo, inclusive do poder de inventar e transformar o mundo pelas suas ações.

O Iluminismo e a Sociologia

Contudo, com tudo o que vimos até aqui, é importante destacarmos que, mesmo com a ciência ganhando espaço, deixando de ser perseguida para ser reconhecida, ela não passou a ser a única forma de se explicar e entender o mundo, sobretudo o social.

Muitas pessoas mantiveram as explicações a respeito da realidade que eram baseadas na tradição, em mitos antigos ou em explicações religiosas como sendo suas referências.

Mas o essencial é que, com o Renascimento, iniciou-se a valorização da ciência e abriu-se espaço para o rompimento com uma única forma de conhecimento e de explicações para os fenômenos.

E esse processo seguiu em curso no século seguinte, no período conhecido como Iluminismo. Aqui, houve a valorização da ciência e da racionalidade no entendimento da vida social. Nesse momento, o combate ao absolutismo e à ideia de que os monarcas e a realeza eram frutos de escolhas divinas e sobrenaturais eram centrais.

Desse modo, fica óbvio que a ciência se apresentava como forma de conhecimento e pensamento que se contrapunha a essas ideias. Portanto, reflexões importantes sobre a estrutura social da época foram produzidas por autores, como:

Voltaire (1694-1778)

Estudos sobre a razão.

Jean-Jacques Rousseau (1712-1778)

Escritos sobre democracia e desigualdade.

Montesquieu (1689-1755)

Crítica ao absolutismo e defesa precursora de poderes separados (Legislativo, Judiciário e Executivo) para o Estado.

Observe que um novo marco para o contexto de desenvolvimento da Sociologia surgiu na França, com inspiração nas ideias de pensadores iluministas. A Revolução Francesa foi ciclo revolucionário motivado pela situação de crise que aquele país vivia que aconteceu entre 1789 e 1799.

Além disso, ela trouxe uma nova forma de se pensar o Estado e o governo, alterando a lógica social e governamental.

Quais transformações profundas foram resultado desse episódio histórico?

Resposta 1

Marcou o início da queda do absolutismo na Europa.

Resposta 2

Inspirou os movimentos de independência na América.

Resposta 3

Popularizou a república como forma de governo, bem como a ideia de separação dos poderes.

Desse modo, podemos dizer que o pensamento iluminista contribuiu para a ideia da existência de uma ciência que pudesse ajudar a interpretar os movimentos da própria sociedade.

ILUMINISMO: Movimento intelectual que surgiu na Europa durante o século XVIII


IDEAIS: - Liberdade - Igualdade – Fraternidade


APOIO: Como os pensadores e os burgueses tinham interesses em comum, o Iluminismo tinha o apoio da burguesia.


John Locke é tido como o pai do Iluminismo.


COMBATE: Para combater a fé na Igreja o movimento se utilizou da razão e para combater o poder centralizado da monarquia utilizou da ideia de liberdade.


DEFENDIA: A razão (luz) contra as trevas do antigo regime. Pregava maior liberdade econômica e política


AS CRÍTICAS DO MOVIMENTO AO REGIME ANTIGO: - Mercantilismo - Absolutismo monárquico – O poder da Igreja e as verdades reveladas pela fé


ANTROPOCENTRISMO: O homem como o centro – O avanço da ciência e da razão


LIBERDADE ECONÔMICA: O Estado não intervém na economia

Podemos perceber que a Sociologia não surgiu de repente, fruto de mágica ou da reflexão de algum autor. Mas teve origem em uma série de acontecimentos e movimentos, que se desenvolveram a partir do século XV, quando ocorreram grandes mudanças decorrentes da transformação da sociedade.

Essas transformações incluem, entre outras coisas,

O impacto de acontecimentos como a expansão marítima.

As reformas protestantes.

A formação dos Estados nacionais e do desenvolvimento científico e tecnológico.

Essa mudanças podem ser consideradas alicerces para a alteração nas formas de explicar a natureza e a sociedade; elas não podem ser analisadas ou compreendidas de modo isolado, mas como parte de um processo único de constituição, consolidação e desenvolvimento da sociedade moderna sob o qual a Sociologia irá se debruçar.

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MÓDULO 2


Identificar os pressupostos históricos, políticos, sociais, econômicos e culturais que fundamentaram o surgimento da Sociologia

Governadores da Guilda de São Lucas por Jan de Bray - 1675

Surgimento do Estado Moderno

Conforme vimos no módulo anterior, o Estado Moderno nasce a partir de todas as transformações econômicas, políticas, sociais e culturais já estudadas. Ele é fruto dessas mudanças, mas também irá proporcionar inúmeras outras.

Durante esse período, ocorreu a expansão das atividades econômicas, ampliando-se a forma de produção como as frentes, que agora passam a incluir:

Área têxtil

Mineração

Siderurgia

Comércio interno e externo

Em grande parte da Europa, constituiu-se uma classe social formada majoritariamente por comerciantes e banqueiros, a burguesia local.

Devido à conformação desse novo Estado e de suas principais atividades econômicas, essa camada social passou a ter muito prestígio e poder.

Essa classe comprava e vendia mercadorias em todo o mundo e levava, também, o modo de vida, a religião, os costumes e as crenças europeus para os continentes e países colonizados.

Já em meados do século XVII, outro ramo de atividade passou gradativamente a se organizar e a ganhar espaço nessa nova composição do Estado: a produção manufatureira. Essa forma de produção e seu desenvolvimento geraram a necessidade constante de aperfeiçoamento das técnicas de produção. Isto é: como produzir mais com menos gente, aumentando significativamente os lucros.

Para isso, passou a haver um grande investimento em tecnologia, em aparatos e máquinas que pudessem ser inseridos no processo produtivo a fim de potencializá-lo. Esse investimento na criação de máquinas e “inventos” significou, também, o fortalecimento do conhecimento científico.

O resultado desse processo foi o fenômeno chamado de maquinofatura.

O trabalho que antes os homens realizavam com as mãos ou com ferramentas passou a ser feito por meio de máquinas, elevando muito o volume da produção de mercadorias.

Você já deve ter estudado que, nesse período, por exemplo, foram criadas as máquinas de tecer e de descaroçar algodão; também teve início o uso da máquina a vapor. Esta última, em especial, foi determinante para o desenvolvimento industrial, já que ela possibilitava o uso de outras tantas máquinas.

A máquina a vapor incentivava o surgimento da indústria construtora de máquinas. Como consequência, incentivava toda a indústria voltada para a produção de ferro e, posteriormente, de aço.

Todas essas mudanças econômicas precisam ser analisadas em conjunto com as demais transformações que estavam em curso, tanto no campo político, como no cultural e no científico. Conforme já mencionamos anteriormente, todas como parte de um único processo.

Você pode entender que as mudanças na esfera de produção e a emergência de novas formas de organização política e cultural constituíram a base para o surgimento de um novo sistema: o capitalismo. Sim, este mesmo que você já conhece.

O capitalismo, a partir do século XVIII até os dias de hoje, constitui a base hegemônica da vida em sociedade. Nele, no bojo das transformações que promoveu, a Sociologia emerge institucionalmente.

Sociologia: uma ciência do mundo moderno

Vimos, até aqui, as profundas transformações e revoluções pelas quais o mundo passou a partir do século XV. Uma das principais alterações ocorreu nos processos produtivos dessas sociedades, com a introdução de novas máquinas e equipamentos.

Foram tantas as modificações:

Na forma de produção

Na economia

Na organização social

Na cultura e em todos os aspectos da vida

Era o desenvolvimento de um novo sistema político, econômico e social em curso. E como bem sabemos, foi nesse contexto, de consolidação do sistema capitalista na Europa em meados do século XVIII, que encontramos as heranças intelectuais que colaboraram para o surgimento da Sociologia como ciência.

A Revolução Industrial e a consolidação do capitalismo são fatos históricos determinantes para compreendermos como a Sociologia se desenvolveu.

Você está se perguntando a relação desses fatos com a nossa ciência da sociedade?

Essa é fácil!

Podemos dizer que o processo de Revolução Industrial, iniciado na Inglaterra, ocasionou grandes alterações no estilo de vida das pessoas, sobretudo nas das que viviam no campo ou do artesanato.

1

Isso ocorreu porque, até aquele momento, o trabalho manufatureiro acontecia com vários artesãos, em locais separados e dirigidos por um comerciante que dava a eles a matéria-prima e as ferramentas.


A industrialização que se iniciou e o desenvolvimento das máquinas possibilitou organizar a produção em um único lugar, com divisão de funções; o antigo artesão agora operava apenas parte da produção.

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3

A industrialização representou um aumento expressivo na produção das mercadorias, diminuindo o tempo que se levava para isso. Significou, também, aberturas de novos mercados e expansão dos lucros.


O quadro que se desenhou a seguir foi o de superação do sistema feudal da Europa Ocidental, que já não conseguia suprir as necessidades dos novos mercados que se abriam, além do estabelecimento de um sistema baseado na propriedade privada, no lucro e na acumulação de capital.

4

É bem provável que você ainda deva estar buscando a relação desse processo com a edificação da Sociologia como ciência.

O fato é que, a partir da Revolução Industrial que mencionamos de forma breve, as cidades da Europa Ocidental começaram a se transformar em grandes centros urbanos comerciais e, posteriormente, industriais. Esses novos centros vieram acompanhados de uma expressiva mudança no estilo de vida das pessoas.

Vamos imaginar...

Pense nos camponeses que criavam ovelhas e forneciam lã e foram expulsos pelos senhores das terras para criar as fábricas de tecidos. Ou na massa de indivíduos que saíram do campo, incluindo mulheres e crianças, para buscar uma oportunidade nessas fábricas.

Agora, imagine ainda que tais famílias, que antes criavam seus filhos enquanto trabalhavam no campo, passavam seus dias no interior de uma fábrica. A forma de produzir se transformou rapidamente com o desenvolvimento das máquinas, mas a vida das pessoas também.

Novas demandas sociais passaram a existir:

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Moradia

Lugar para deixar as crianças, aquelas que ainda não tinham idade para trabalhar.

Hospital

Transporte para ir para o trabalho e voltar.

Segurança

Essas e muitas outras necessidades se tornaram elementos significativos da vida em sociedade. Esses temas despertavam o interesse de críticos e pensadores da época.

Essas mudanças profundas na sociedade europeia vieram acompanhadas da necessidade de alterar e expandir, também, o campo das ideias, do pensamento.

Era preciso uma ferramenta que pudesse auxiliar na interpretação desse novo mundo que se apresentava.

Uma ciência que possibilitasse investigar e refletir sobre os novos problemas sociais oriundos da industrialização, que buscasse a compreensão da nova estrutura social e das relações. E foi esse o quadro que culminou com o reconhecimento da Sociologia como ciência, como a ferramenta de olhar para a sociedade.

Em resumo, podemos dizer que a consolidação do sistema capitalista e as transformações profundas provocadas por ele foram acompanhadas pela valorização da ciência se contrapondo às explicações míticas ou de senso comum a respeito do mundo.

A abertura de mercados mundiais, os conflitos derivados das condições de vida dos, agora, operários e a nova forma de organização do Estado eram elementos que suscitavam compreensão.

A Sociologia começou a se apresentar, então, como uma ciência capaz de dar respostas mais elaboradas sobre os novos problemas sociais que emergiam.

Você pode perceber que o desenvolvimento da Sociologia como ciência ocorreu de forma gradual e a partir de inúmeras transformações sociais e fatos históricos. E isso culminou com o seu reconhecimento e as suas teorias como ferramentas analíticas e de reflexão sobre a sociedade industrial e científica que surgia.

Desde então, passamos a contar com uma ciência que nos ajuda a entender nossos problemas sociais e nos permite encontrar soluções para eles. A Sociologia surgiu para desvendar e explicar os dilemas fundamentais do novo mundo que se constituía.

Podemos dizer, então, que a Sociologia é resultado desse mundo moderno.

O que fizemos até aqui?

Um dos nossos objetivos com este material consiste em fornecer a base teórica e metodológica das principais teorias sociológicas. Para alcançar esse objetivo, apresentamos determinados temas, as chamadas escolas de pensamento sociológico e suas principais referências e influências.

Também buscamos, aqui, evidenciar as múltiplas abordagens possíveis por essa ciência e suas metodologias.

Pretendemos provocar o aprofundamento de questões relacionadas à compreensão da realidade social em que vivemos, para nortear a nossa prática social como sujeitos críticos e politicamente comprometidos com a transformação social.

Você aprendeu um pouco até aqui sobre as palavras-chave e corriqueiras do campo da Sociologia, para começar a perceber porque é importante conhecê-la. Seu passo seguinte foi saber que ela tem uma história, que ela está no mundo, não que seja uma descoberta.

Crianças

Desde a época rural, anterior à Revolução Industrial, as crianças já ajudavam suas famílias nas tarefas do campo, mas nada que se comparasse à exploração do trabalho infantil que se deu então. Ao se deslocarem para a cidade, a vida de todos foi modificada. As crianças trabalhavam por longas horas, em atividades repetitivas e perdiam toda a sua infância. O trabalho infantil era permitido a partir dos seis anos de idade e, em média, trabalhavam 14 horas por dia.

Fonte: (ELGELS, 1986)

A Sociologia é um exercício de despertar, o homem sempre viveu em sociedade e pensou sobre o que isso significa.

Chegou, então, o momento de despertar: por que preciso de uma ciência para conhecer a sociedade? Por que isso fica tão importante no século XIX? Você descobre que a Sociologia tem um ambiente de criação, marcado por:

condições materiais

condições políticas

aspectos regionais

Os primeiros conceitos crescem e começa a aparecer a necessidade de novas definições: país, povo, Estado... A sistematização dessas noções não é tarefa fácil. Não há caracterizações simples e rápidas sobre essas noções com as quais convivemos durante toda a vida, sem torná-las um conhecimento organizado.

Agora, podemos dar o próximo passo.

Revendo os conceitos sobre a Sociologia

Neste vídeo, o especialista fará uma entrevista com um convidado tratando sobre os principais tópicos apresentados até aqui.

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MÓDULO 3


Reconhecer as distintas abordagens metodológicas do campo sociológico, bem como os seus objetos de estudo, suas temáticas e escolas de pensamento

Escolas pioneiras

Neste módulo, iremos abordar os principais pensadores que contribuíram com a institucionalização da Sociologia como ciência e que, até hoje, têm suas teorias embasando as chamadas escolas de pensamento sociológico.

E você, certamente, deve estar se perguntando se falaremos das ideias e propostas de todos os fundadores da Sociologia e como esses debates realizados no passado podem trazer contribuições ao presente.

Como é que eu posso pensar o meu mundo hoje a partir de quem só viu o passado? É possível?

Resposta

A resposta a este questionamento é: não temos a pretensão de abordar todos os teóricos, mesmo porque seria praticamente impossível em nosso “espaço”.

Mas destacaremos os marcos que definiram as principais linhas e tendências de visão da sociedade que esses pensadores cunharam, bem como os objetos e as metodologias utilizados por eles, que prevalecem até os dias de hoje.

E não pense que isso é só história! É extremamente relevante conhecermos as discussões e teorias sociológicas anteriores ao nosso tempo. Afinal, identificar os erros e acertos do passado nos ajuda com as análises do presente.

Além disso, durante muito tempo, a visão e a leitura sobre os fenômenos sociais foram predominantemente realizadas pelas elites políticas, econômicas e sociais. Elas serviam como forma de impor à população uma visão ideológica conservadora dominante. Portanto, novas leituras são urgentes e necessárias.

Começaremos esse nosso breve resgate sobre os principais pensadores da Sociologia pela França. Não poderia ser diferente, pois foi onde se desenvolveu uma das mais significativas vertentes da Sociologia contemporânea: o positivismo funcionalista.

Positivista

Para falar da escola positivista, que ainda encontra adeptos até os dias de hoje, é preciso recuperar a trajetória de Auguste Comte (1798-1857), pois foi ele quem criou o termo “Sociologia”.

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Auguste Comte

A proposta de Comte era produzir uma síntese da produção científica a partir do que já havia sido acumulado pelas ciências existentes, como a Matemática, a Física e a Biologia.

A ideia principal defendida por ele era de que a física social, ou seja, a Sociologia, se apropriasse dos métodos utilizados nessas ciências que já haviam alcançado um status de positivo.

Além disso, Comte acreditava na superioridade da ciência para as explicações dos fenômenos.

Ainda de acordo com a visão desse pioneiro da Sociologia, a sociedade estaria adoecida, vivenciando o estado de caos e desordem.

Vale lembrar que quando Comte estava produzindo suas teorias, o mundo vivenciava a transição do sistema feudal para o capitalista. Sendo assim, você já imagina que estavam ocorrendo o avanço da tecnologia e da industrialização, a consolidação do mundo moderno e todas as questões sociais que emanavam desse processo.

Assim, Comte defendia que a ciência deveria ser utilizada para organizar a ordem social, uma ordem positivista, instaurando a disciplina e a ordem. Essa seria uma das principais funções da Sociologia para a escola de pensamento positivista.

Emile Durkheim

Um segundo teórico considerado fundador da Sociologia também teve origem na escola francesa de pensamento positivista: Emile Durkheim. Foi a partir dele, que a Sociologia adquiriu métodos próprios, como o funcionalista, e ganhou status de ciência.

Apesar do avanço em relação à metodologia proposta, Durkheim ainda atuou sob muita influência positivista. Nesse sentido, propôs regras de observação e de procedimentos de investigação que permitissem à Sociologia estudar os acontecimentos sociais de maneira semelhante ao que faziam outras ciências, como a Biologia.

É importante dizer que Durkheim, da mesma forma que Comte, presenciou inúmeras transformações sociais, a consolidação do Estado moderno e do capitalismo, tendo sido diretamente influenciada por este contexto.

Desse modo, Durkheim defendia que os entraves presentes na sociedade moderna estavam conectados aos problemas de ordem social. Por isso, grande parte de sua obra na Sociologia se debruçou sobre esse ponto.

Veremos agora um esquema que explica o surgimento da Sociologia:

No século XVIII, com a Revolução Industrial e Francesa, que mudaram o mundo, surgiu a Sociologia, que foi uma nova ciência baseada por Émile Durkheim e Auguste Comte

Com a Revolução Industrial, surgiram os proletários, trabalhadores das indústrias, que necessitavam que esposas e filhos trabalhassem para conseguir sobreviver

A Revolução Francesa mudou a famosa pirâmide, com a alteração da estrutura social daquela época

Pensando nisso, Durkheim e Comte começaram a repensar os aspectos da sociedade, diferenciando do senso comum

Para formar os ideais base da Sociologia, os dois juntaram seus estudos e pensamentos

A sociedade estava mudando, e mudaria muito mais. As revoluções, foram importantes para a evolução social, mesmo com todo sofrimento envolvido

Sociologia compreensiva

O pensamento do sociólogo que estudaremos a seguir vai em direção diferente ao que vimos até agora. E faz parte da escola sociológica alemã.

Sobre essa teoria, é fundamental dizermos que, diferentemente do processo na França, a Alemanha e seus primeiros estudiosos da Sociologia não voltaram sua preocupação para a definição do estatuto científico da Sociologia nesse primeiro momento.

Portanto, é muito comum identificar os estudos sociológicos alemães desse período mesclados com estudos da Filosofia e da História. Assim sendo, podemos dizer que a escola alemã se desenvolveu em outra direção em relação à da França.

Encontramos um exemplo importante dessa distinção no fato de que os teóricos alemães defendiam uma discussão metodológica que privilegiasse a diferenciação entre as ciências naturais e as histórico-sociais, questionando a visão positivista sobre a ciência.

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Max Weber

Foi nessa escola que o pensamento e a obra de Max Weber (1864-1920) se desenvolveram. Weber, ao contrário de Durkheim e Comte, defendeu que a interpretação da sociedade deveria partir — não dos fatos sociais já consolidados e suas características externas, tais como as leis e as instituições —, mas do indivíduo.

A teoria de Weber primava pela ideia de que a Sociologia deveria iniciar suas investigações pela verificação das:

intenções

motivações

valores

expectativas

Que orientam as ações do indivíduo na sociedade. Tinha início, assim, a chamada Sociologia compreensiva e, com ela, as teorias que buscam entender a sociedade a partir dos motivos identificados nas ações dos indivíduos.

Karl Marx

Outro teórico importante da escola alemã foi o filósofo e economista Karl Marx (1818-1883). Marx é um dos pensadores mais conhecidos de todos os tempos e circulou por diferentes campos de conhecimento em suas obras, entre eles, a Sociologia, com sua crítica ao sistema capitalista.

Assim como os demais pensadores que apresentamos aqui, Marx experimentou as mudanças que emanavam com o novo sistema. Ele propôs uma discussão crítica sobre a sociedade capitalista e a origem dos problemas sociais que esse tipo de organização social ocasionava.

Sua extensa obra parte sempre da concepção de que “as histórias de todas as sociedades têm sido a história da luta de classes”. Ou seja, para ele, nas sociedades de tipo capitalista, sempre haverá o conflito entre suas duas classes sociais fundamentais:

Burguesia

Proletariado

Nesse sentido, Marx defendia que seus estudos e sua obra deveriam contribuir para ajudar a classe proletária a se organizar. Uma escola sociológica precursora e distinta das demais, contrária à ideia da Sociologia como uma ciência neutra, isenta, que apenas produzisse estudos que revelassem as estruturas sociais.

Para a escola marxista de pensamento, teoria e prática caminham conjuntamente, em uma relação dialética.

Vale lembrar que apesar das inúmeras diferenças presentes em todas essas escolas de pensamento sociológicas mencionadas, seus representantes foram e são referências para o pensamento sociológico desenvolvido em todo o mundo.

Escola americana

Uma escola bastante influenciada pelas produções francesa e alemã foi a dos Estados Unidos da América, em que vários pensadores seguiram algumas vertentes desses pensamentos sociológicos.

Ressaltamos que nos Estados Unidos, diferentemente de como ocorreu na França e na Alemanha, não há um ou dois personagens marcantes ou hegemônicos, mas vários. E a escola americana também representa hoje uma grande influência em quase todo o mundo para o pensamento sociológico.

E além...

A Sociologia do século XX

Você acha que a Sociologia parou no século XIX?

Esse foi somente o início. É absolutamente impossível pensar a Sociologia sem ser tributário em alguma medida a essas escolas que destacamos anteriormente.

É essencial para aqueles que desejem debater sobre a sociedade em termos científicos conhecer essas teorias. A qualidade das formulações, a construção de conceitos e sua operacionalização fazem com que sejam de estudo obrigatório, independentemente de suas correntes políticas e sociais.

Podemos citar alguns importantes sociólogos:

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Theodor Adorno

Membro da escola de Frankfurt e um dos continuadores/críticos do pensamento marxista.

Karl Mannheim e Robert K. Merton

Inauguradores da Sociologia do conhecimento.

William James e Herbert Mead

Com o interacionismo da escola de Chicago e as limitações do indivíduo.

Talcott Parsons e Pitirim Sorokin

Com teorias sociais que visavam a reabilitar e rediscutir o funcionalismo.

Anthony Giddens

Com a reintrodução do estruturalismo na Sociologia.

Pierre Bourdieu

Com a teoria da ação, em que remonta o arcabouço teórico, mas sem romper com as influências dos teóricos que formam a própria Sociologia.

Não tome esses nomes como uma mera curiosidade, mas pontos de partida para buscas e reflexões. Recentemente, novos debates sociológicos têm trazido importantes mudanças nos objetos de pesquisa da Sociologia.

Afinal, nomes como Simone de Beauvoir e Michel Foucault trouxeram da Filosofia importantes debates que redimensionam os estudos da Sociologia.

1

Simone de Beauvoir

Ao escrever sobre o segundo sexo.

2

Michel Foucault

Ao trazer para o debate questões sobre o discurso, a violência e o sexo.

Ambos provocam um quadro de importantes mudanças na construção de objetos.

Na Sociologia, esses debates serão acompanhados por Christine Delphy, Françoise Battagliola e Nancy Fraser, sem renunciar à influência da História, com Joan Scott; e da Filosofia com Judith Butler.

Entenda que toda essa discussão é válida, pois transforma os novos debates em campos interdisciplinares. Buscam entender, por exemplo, a dinâmica das questões de gênero em uma sociedade.

Mas todos os debates ainda partem do conhecimento e das influências dos principais autores da formação da Sociologia.

Agora que estudamos um pouco sobre as escolas de pensamento sociológicas pioneiras e suas principais referências, você deve estar se perguntando: mas e o Brasil?

E o Brasil?

Podemos dizer que a história da Sociologia brasileira teve início a partir da década de 1930, quando as primeiras obras que apontavam algum interesse na compreensão da sociedade brasileira quanto à sua formação e estrutura foram desenvolvidas.

Não estamos, contudo, afirmando que antes disso não houve nenhum pensamento ou autor que tenha buscado com seus estudos entender nossa sociedade.

Porém, estamos apenas ressaltando que as produções que eram apresentadas até esse momento não se dedicavam diretamente a uma tentativa de explicação da formação e a estrutura da sociedade brasileira.

Nesse sentido, a produção sociológica brasileira — contendo um caráter mais investigativo e explicativo — nasce com movimentos que estimulavam uma postura mais crítica sobre o que acontecia em nossa sociedade neste momento.

Estamos falando de movimentos como:

Modernismo

Formação de partidos (sobretudo o partido comunista)

Movimentos que propunham mudanças sociais

Esses movimentos impulsionaram pensadores e intelectuais brasileiros a refletirem sobre a própria sociedade. Assim, contribuíram para a constituição de uma Sociologia brasileira, mesmo que bastante influenciada por teorias sociológicas importadas.

Como exemplo desses pensadores, podemos citar: Gilberto Freyre, Caio Prado Júnior, Sérgio Buarque de Holanda, Fernando de Azevedo, Nelson Werneck Sodré, Raymundo Faoro, entre outros.

Na década seguinte, uma nova geração de sociólogos inaugurou, no país, estilos mais independentes de fazer Sociologia. Surgiram, naquele momento, diferentes escolas de Sociologia em São Paulo, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e Belo Horizonte.

Foi um período extremamente fértil para o desenvolvimento do pensamento sociológico brasileiro e momento em que autores, como Oliveira Viana, Florestan Fernandes e Guerreiro Ramos, despontavam no cenário nacional.

“A Sociologia brasileira é em grande parte uma ‘Sociologia enlatada’, mas é preciso constituir uma consciência crítica da realidade nacional.”

(GUERREIRO RAMOS apud PEIXOTO; VIANA, 2011)

De toda forma, é preciso dizer que, até as últimas décadas do século XX, a Sociologia brasileira permaneceu fortemente marcada pelas teorias internacionais e, com poucas exceções, por análises e discussões sobre temas nacionais.

Destacamos, também, que esta Sociologia sempre manteve uma estreita relação com as grandes vertentes do pensamento sociológico tradicional:

Marxista

Histórico-estrutural

Durkheimiana

Funcionalista

Weberiana

Compreensiva

Linha norte-americana

Em suas variadas ramificações

Nas últimas décadas, estamos vivenciando transformações importantes na Sociologia brasileira. Pois ela tem trabalhado com novas formas de investigação e privilegiando temas e objetos como:

A diversidade cultural brasileira

A cidadania e os movimentos sociais

O trabalho e gênero

Revendo mais conceitos sobre a Sociologia

Neste vídeo, o especialista fará uma entrevista com um convidado tratando sobre os principais tópicos apresentados até aqui.

Verificando o aprendizado

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Conclusão

Considerações Finais

No decorrer deste tema, dividido em três módulos, apresentamos os pressupostos e o contexto do surgimento da Sociologia como ciência, bem como seu desenvolvimento no Brasil e no mundo por meio de suas escolas de pensamento. Além disso, vimos ainda sua contribuição histórica e atual com seus objetos e temáticas de estudo.

No módulo 1, descrevemos a origem histórica do pensamento social, a diferenciação entre as diferentes formas de conhecimento, especialmente entre senso comum e ciência, determinantes para pensarmos sobre a origem da Sociologia.

No módulo 2, identificamos os pressupostos históricos, políticos, sociais, econômicos e culturais que fundamentaram o surgimento da Sociologia. Verificamos, inclusive, que o surgimento da Sociologia tem relação com uma série de eventos históricos, processos revolucionários e transformações sociais que ocorreram em todo o mundo.

No módulo 3, reconhecemos as diversas abordagens metodológicas do campo sociológico, bem como os seus objetos de estudo, suas temáticas e escolas de pensamento. E, com isso, pudemos conhecer um pouco mais sobre os primórdios dessa ciência e os principais pensadores que compõem os fundamentos do que viria a ser a conhecido hoje como Sociologia.

Além disso, identificamos que as razões para a emergência dessa ciência social estão conectadas à necessidade de explicar os fenômenos sociais que surgem com o Estado moderno e o sistema capitalista.

Por fim, acompanhamos brevemente quando e de que forma esse processo de institucionalização de uma ciência para pensar e compreender a sociedade ocorreu no Brasil.

Podcast

CONQUISTAS

Você atingiu os seguintes objetivos:

Descreveu de que forma o pensamento social foi historicamente estruturado até o surgimento da Sociologia como ciência

Identificou os pressupostos históricos, políticos, sociais, econômicos e culturais que fundamentaram o surgimento da Sociologia

Reconheceu as distintas abordagens metodológicas do campo sociológico, bem como os seus objetos de estudo, suas temáticas e escolas de pensamento