Definição

Apresentação do funcionamento do sistema financeiro de uma economia capitalista. Exposição sobre a importância da moeda e da taxa de juros para os agentes econômicos (consumidores, firmas e governos).

Propósito

Compreender o funcionamento do sistema financeiro como premissa fundamental para a análise do comportamento dos agentes econômicos e, especialmente, das decisões sobre investimento e poupança.

Preparação

É importante ter uma calculadora em mãos, de forma a facilitar a reprodução dos cálculos que serão apresentados ao longo do tema.

OBJETIVOS

Módulo 1

Identificar as funções do sistema financeiro e seus instrumentos

Módulo 2

Reconhecer as funções da moeda e a importância dos intermediários financeiros

Módulo 3

Estudar agregados monetários e a taxa interna de retorno (TIR)

Módulo 4

Distinguir a taxa de juros real e o mercado de títulos

Introdução

Neste tema, começaremos pelo estudo da principal função do sistema financeiro e como este pode ser dividido. Posteriormente, veremos a relação entre ativos, instituições e prazo de aplicações, bem como os principais instrumentos financeiros usados pelos agentes econômicos. Além disso, entraremos em contato com a história da moeda e as suas principais funções.

Compreenderemos, também, como os intermediários financeiros são vitais para o bom funcionamento do sistema financeiro, já que mitigam problemas de assimetria de informação.​

Posteriormente, aprenderemos a calcular os agregados monetários. Eles serão importantes para a compreensão futura do processo de criação de moeda por parte das instituições financeiras.

Ademais, analisaremos a principal maneira de calcular as taxas de juros usadas pelos economistas: a taxa interna de retorno. Por fim, reconheceremos a relevância da taxa de juros real e seremos capazes de analisar como a oferta e a demanda por ativos (moeda e títulos) interagem com a atuação dos agentes econômicos.

MÓDULO 1


Identificar as funções do sistema financeiro e seus instrumentos

A principal função do sistema financeiro

Apesar do glamour e da controvérsia em torno do sistema financeiro, sua função é vital para o funcionamento de qualquer economia capitalista. Como há agentes econômicos (indivíduos, firmas, governos etc.) que necessitam de recursos, além dos que já os possuem e outros que os têm em excesso, é natural que eles queiram realizar trocas.

O sistema financeiro tem, portanto: a seguinte função primordial: canalizar recursos dos poupadores para aqueles que necessitam destes para a sua atividade.

Há duas maneiras pelas quais os agentes obtêm recursos no sistema financeiro:

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1) Financiamento direto Ocorre, por exemplo, quando o poupador (ou seja, o “dono do dinheiro”) empresta dinheiro para um amigo ou compra ações de uma firma; 2) Financiamento indireto Ocorre quando há um intermediário entre as duas partes. Por exemplo, você deposita seu dinheiro em um banco, que usa esse valor para conceder um empréstimo para outra pessoa. O analista financeiro de um banco trabalha exatamente na avaliação de firmas e projetos, e pode ter capacidade maior que os poupadores comuns para escolher a quem emprestar.

Ações

Veremos a definição mais abaixo. Na prática: quando você compra uma ação, se torna um dos donos da firma.

Exemplo

Considere uma operação do sistema financeiro.

Se a empresa de tecnologia Amazon quer investir em mais armazéns de distribuição, mas não possui caixa para tocar o projeto em questão, ela pode emitir títulos (também chamados de debêntures) no sistema financeiro e captar os recursos necessários junto aos investidores interessados.

Posteriormente, a Amazon terá que devolver esses recursos ao mercado, acrescidos de juros. Ou seja, a empresa recebe hoje recursos de diversas pessoas e assina um compromisso de que devolverá o valor no futuro, mais uma compensação adicional (os juros). Essa dimensão temporal está sempre presente na atuação do sistema financeiro.

A existência de um meio para que esse tipo de operação ocorra é bastante importante para que não apenas as empresas, mas governos e até mesmo pessoas possam realizar projetos importantes para a economia do país. Tais projetos podem gerar empregos, impostos e lucro para os empreendedores e para o governo. Sem tal ambiente, agentes que não se conhecem ou que não estão próximos acabariam não trocando recursos.

Neste caso, a Amazon teria um custo muito maior na angariação de recursos para tirar os armazéns do papel, de modo que sua construção poderia se tornar inviável.

Veja neste vídeo outro exemplo que retrata a função do sistema financeiro.

Podemos usar esse exemplo para fazer uma classificação do mercado financeiro:

No mercado primário, as firmas podem emitir ações e títulos: é como João emprestando dinheiro para Maria;
No mercado secundário, essas ações e títulos — às vezes chamados simplesmente de papéis — são revendidos aos investidores: é como João vendendo a Helena seu direito a receber um valor no futuro.

Neste segundo mercado, estão as bolsas de valores, como a B3 (Brasil) e a Bolsa de Valores de Nova Iorque (EUA).

Os prazos das negociações também são usados para classificar mercados. Ao passo que:

Nos mercados de capitais ocorrem negociações de médio e longo prazo.

Nos mercados monetários ocorrem negociações de curto prazo.

Bolsas de valores

A negociação de ativos financeiros no Brasil tem uma longa história: já ocorreu em uma série de locais, como Rio de Janeiro e Salvador, antes de ficar concentrada na sede da Brasil, Bolsa, Balcão (B3), em São Paulo. Essa empresa nasceu em 2017, após a fusão da Bolsa de Mercadorias e Futuros Bovespa (BM&F) com a Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos.

Veremos adiante como os principais instrumentos do mercado se encaixam em cada um desses grupos.

Mercados Monetários

Neste mercado, os agentes econômicos podem negociar dívidas com duração de, no máximo, um ano: as operações no mercado monetário são de curto prazo. Dessa forma, a liquidez dos papéis negociados tende a ser alta.

Com isso, os agentes econômicos podem emitir uma dívida que deve ser paga aos credores em, no máximo, um ano.

Liquidez

Capacidade de converter um bem em dinheiro. Quanto mais rápido, maior a liquidez.

Vamos observar alguns tipos de dívida que podem ser negociadas no mercado em questão.

Tipos de dívida

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LTítulos de curto prazo

No Brasil, o Tesouro Nacional emite títulos de curto prazo como forma de obter recursos junto ao mercado e, com isso, financiar a atuação do Estado. Dessa forma, há uma série de títulos, que podem ser encontrados no site do Tesouro, com os mais variados prazos e tipos de remuneração.

Nota promissória

Uma nota promissória registra uma obrigação de pagamento entre pessoas ou empresas. É uma forma simples de registrar um empréstimo: o tomador do empréstimo assina um compromisso de pagar de volta um determinado valor em data definida na nota.

Operações compromissadas entre bancos

As operações compromissadas entre bancos são empréstimos de curto prazo que utilizam recursos que os próprios bancos mantêm depositados no Banco Central. As operações compromissadas, também conhecidas como overnight, têm, como garantia, títulos públicos.

A operação compromissada entre bancos acontece quando um banco vende seus títulos com garantia de recomprá-los em prazo determinado.

Certificados de depósitos interbancários

Os certificados de depósitos interbancários (CDIs) são títulos emitidos pelos bancos referentes a recursos que eles emprestam uns aos outros. Também são de curto prazo, como as operações compromissadas, mas não têm garantias em títulos públicos. A taxa DI diária, calculada a partir de empréstimos diários referenciados no CDI, indexa diversas operações no mercado financeiro.

Certificados de depósitos bancários

Os certificados de depósitos bancários (CDBs) são títulos emitidos por bancos para captar recursos por um prazo predeterminado e com pagamento de juros aos investidores que os adquirirem. É a forma tradicional de o banco tomar recursos emprestados para repassá-los a outros tomadores de empréstimos, caracterizando seu papel de intermediário financeiro.

No Brasil, o CDB é uma aplicação bastante comum para os investidores. Qualquer poupador pode comprar CDBs de inúmeros bancos, com prazos, taxas de retorno e valores mínimos de aplicação diversos. Aplicações desse tipo são seguradas pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que cobre aplicações com valores até R$250.000,00.

Fundo Garantidor de Crédito (FGC)

Criado em 1995, o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) protege investidores contra eventuais quebras de instituições financeiras onde estes possuem aplicações. Este fundo é de caráter privado, sem fins lucrativos e mantido pelas instituições financeiras associadas, que transferem uma parte de todos os depósitos para mantê-lo com recursos suficientes.

Tal mecanismo funciona como um produto financeiro bastante seguro, de baixo risco, para aplicações abaixo desse valor.

Mercado de capitais

No mercado de capitais, à diferença do mercado monetário, as negociações são de prazo mais longo, acima de um ano, fazendo com que a liquidez dos títulos negociados seja menor. Esse mercado tem grande participação de instituições que administram recursos para poupadores a longo prazo.

Exemplo

Alguns dos principais exemplos são os fundos de pensão, que administram recursos para a aposentadoria dos seus correntistas, e as seguradoras (de vida, automóvel etc.), que cobrem seus segurados de eventuais adversidades, como morte, roubo e outros. Dentre os principais instrumentos do mercado de capitas, estão as ações, as hipotecas e os títulos corporativos.

Hipotecas

Empréstimos para famílias que desejam adquirir um imóvel, considerado como garantia. Em outras palavras, a hipoteca oferece ao credor (ou seja, quem oferece o empréstimo) o direito de receber um imóvel como garantia do pagamento de uma dívida. A Caixa Econômica Federal possui linhas de crédito para esse tipo de segmento.

Títulos corporativos

São títulos emitidos por empresas privadas que desejam angariar recursos. Normalmente, os agentes que detêm esse tipo de ativo recebem pagamentos semestrais de juros e, no vencimento (data do último pagamento referente ao título), o pagamento da aplicação inicial que realizaram para adquirir o título. Títulos corporativos de longo prazo são denominados “debêntures”.

Dentre os papéis de médio ou longo prazo, as ações, possivelmente, são os mais conhecidos, consistindo em direitos que um agente possui sobre os ativos e o lucro de empresas de capital aberto, ou seja, empresas que possuem ações negociadas em alguma bolsa de valores. Se você tem ações de uma empresa, é um dos donos. Vale observar que cada tipo de ação oferece direitos diferentes na administração da empresa.

Assim como os títulos do Tesouro de curto prazo, os de longo prazo também funcionam como forma de captação de recursos pelo governo junto ao mercado. A diferença é que o vencimento desses ativos ocorre em um período mais longo que os primeiros.

Mercado de crédito

Empréstimos e financiamentos bancários fazem parte do mercado de crédito. São as modalidades mais triviais do sistema financeiro. Tanto firmas como famílias podem recorrer a alguma instituição financeira, como um banco, para obter recursos para, por exemplo, adquirir um automóvel ou uma máquina mais avançada que aumentará a sua produtividade.

Mercados globalizados

Com o avanço da globalização, os mercados financeiros se tornaram cada vez mais interligados. Tal evento foi especialmente facilitado a partir da década de 1980, pois uma série de restrições à movimentação de capitais foi removida ou mitigada.

Além disso, impostos foram reduzidos, a legislação passou a permitir tais movimentações e a internet fez com que transferências de grandes somas de dinheiro entre dois pontos distantes do planeta se tornassem instantâneas.

A seguir, veremos os papéis que empresas, indivíduos e governos passaram a utilizar para a captação de recursos no exterior.

Papéis para captação de recursos no exterior

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Os títulos externos permitem que empresas e governos obtenham recursos no mercado externo. Tal como os títulos emitidos dentro do país, possuem taxa de juros e prazo de vencimento, e são, geralmente, emitidos em dólar.

Os eurotítulos também são bastante comuns e semelhantes aos títulos externos. Contudo, eles são emitidos no exterior e com moeda estrangeira diferente da do país onde os títulos estão sendo lançados. Isso ocorre, por exemplo, quando uma empresa brasileira emite um título, em reais, nos EUA.

As euromoedas, por sua vez, são depositadas fora do país de origem do depositante. Por exemplo, uma empresa brasileira pode deixar parte dos seus recursos nos EUA.

Os eurodólares, por fim, são depósitos em dólares feitos em bancos fora dos EUA. Assim, uma exportadora brasileira pode, por exemplo, depositar na Inglaterra parte de suas receitas.

Um instrumento que vem atraindo a atenção de investidores e fundos são os certificados de depósitos norte-americanos (American Depositary Receipts ‒ ADRs). Caso uma empresa não possua sede nos EUA, como a Vale, por exemplo, e queira negociar suas ações nesse país, ela não poderá lançar ações em uma bolsa, como faz na bolsa de valores brasileira, devendo lançar ADRs. Para que tal operação aconteça, os bancos dos EUA precisam comprar um grande lote de ações da Vale e, com isso, emitir certificados nas bolsas do país.

Esses tipos de operações também podem ser feitos em outros países. Por exemplo, caso a General Motors, uma empresa com sede nos EUA, queira emitir ações na B3, um banco brasileiro terá que comprar esses papéis e revendê-los por aqui na forma de certificados (no Brasil, esses certificados são os Brazilian Depositary Receipts ‒ BDRs).

Esse tipo de instrumento financeiro possibilitou ainda mais a internacionalização dos investimentos, aumentando a mobilidade de capitais.

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MÓDULO 2


Reconhecer as funções da moeda e a importância dos intermediários financeiros

Problemas de assimetria de informação

Como foi visto no primeiro módulo, a conexão entre empreendedores (agentes que precisam de recursos) e investidores (agentes que dispõem de recursos) é fundamental para o funcionamento de uma economia capitalista.

Essa conexão, porém, apresenta problemas e — às vezes — bons projetos acabam não sendo concluídos.

Vamos discutir brevemente os conceitos de seleção adversa e risco moral.

Em uma transação, é bastante provável que as partes não se conheçam, o que gera risco, pois:

O investidor pode não receber o valor investido;

O projeto apresentado pode conter falhas técnicas;

O empreendedor pode acabar não recebendo os recursos prometidos pelos investidores.

O fato de as partes não disporem de todas as informações relevantes faz com que exista o que chamamos de assimetria de informação, que apresenta duas formas principais:

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Seleção adversa

A primeira delas é a seleção adversa. Nem sempre o investidor é capaz de selecionar o projeto mais rentável. É semelhante ao que ocorre no mercado de carros usados: é difícil saber se o vendedor está se desfazendo do carro por um motivo razoável (por exemplo, não precisa mais do veículo) ou se está tentando se livrar de um carro ruim.

Sendo assim, dizemos que o vendedor tem uma vantagem informacional sobre o comprador. Da mesma forma, a firma conhece melhor a qualidade dos seus projetos do que um investidor externo.

Risco moral

A segunda forma de assimetria informacional é o risco moral. O investidor não sabe se o responsável pelo projeto vai trabalhar duro, o que aumenta a chance de obter um bom retorno, ou se vai pegar o dinheiro emprestado e relaxar.

É semelhante ao que ocorre com um seguro de automóveis: a seguradora não sabe se o motorista vai ser cauteloso ou se vai aproveitar o seguro para, por exemplo, estacionar o carro em um local perigoso.

A figura do intermediário financeiro ajuda a lidar com esses problemas. Além de ser o elo entre as partes envolvidas na maioria das transações, ele dispõe de instrumentos para obter informações importantes para reduzir o risco dos agentes econômicos.

A redução do risco ocorre por meio do desenho de bons contratos, revelando boas oportunidades de negócios aos investidores.

Intermediários financeiros

Os intermediários financeiros são bastante relevantes, dado que captam recursos dos poupadores e os emprestam aos tomadores de recursos. Tanto famílias como empresas podem se beneficiar dos serviços prestados por eles.

Eles podem ser divididos em três grandes grupos:

Instituições depositárias;

Instituições de poupança contratual;

Intermediários de investimentos.

Vamos explicar e exemplificar como cada um desses grupos atua no sistema financeiro e os motivos pelos quais são relevantes.

Atuação dos grupos

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Instituições depositárias

São instituições que recebem depósitos à vista de seus clientes e podem realizar empréstimos. Como sua atuação tem grande impacto sobre a moeda em circulação na economia, são tema de estudo comum nas economias bancária e monetária.

Bancos comerciais, associações de crédito e bancos múltiplos com carteira comercial estão nesse grupo. Os últimos são definidos como bancos que atuam em vários segmentos, inclusive como banco comercial, e podem receber depósitos à vista. No Brasil, há diversas instituições financeiras desse tipo.

Instituições de poupança contratual

Este tipo de instituição obtém recursos periódicos, como, por exemplo, companhias de seguro de vida, de automóveis e de incêndio, e fundos de pensão privados e públicos. Normalmente, elas podem estimar com certa precisão quando necessitarão transferir recursos aos seus clientes.

À diferença das instituições depositárias, o receio de ficar sem fundos acaba sendo uma preocupação menor. Tal fato implica que tais instituições podem aplicar seus recursos em ativos de longo prazo, cuja liquidez não é tão elevada.

Intermediários de investimento

Auxiliam seus clientes a obterem os mais diversos produtos financeiros disponíveis no mercado, podendo também gerir seus recursos ou mostrar as melhores oportunidades de investimento.

Bancos de investimento estão incluídos nesse grupo e são responsáveis por fazer com que empresas possam lançar ações na bolsa de valores e emitam títulos de dívida.

É relevante apontar que algumas instituições podem acabar se especializando em algum segmento do mercado, como seguradoras de automóveis e de vida, mas também é possível que outras, além de trabalharem com seguros, atuem como bancos comerciais e corretoras.

Além disso, também podemos afirmar que economias de escala e escopo são importantes na intermediação financeira.

Economias de escala ocorrem quando uma empresa consegue produzir cada vez mais informações a um custo menor, pois, realizando muitas operações, ela pode se valer de um dado para mais de uma operação.
As economias de escopo, por sua vez, ocorrem quando uma firma, por operar em mais de um segmento, é capaz de usar a mesma informação para outras operações (por exemplo, como seguradora de vida e de automóveis).

Funções da moeda

Vamos, agora, tratar de um ativo fundamental para o sistema financeiro e para a economia como um todo. A moeda é usada para realizar transações em praticamente qualquer mercado. É importante observar que inúmeros ativos podem ser considerados moeda.

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Você sabia?

O papel-moeda que carregamos na carteira é apenas um dos vários tipos. Ao longo dos séculos, uma série de metais, como ouro, prata e cobre, foi utilizada como moeda, assim como pedras, cigarros, sal e vários outros objetos.

Neste vídeo, discutiremos sobre as três funções da moeda e teceremos alguns comentários com relação à evolução do sistema de pagamentos.

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MÓDULO 3


Estudar agregados monetários e a taxa interna de retorno (TIR)

Agregados monetários

Inúmeros ativos servem como meios de pagamento, fazendo com que as autoridades monetárias notassem que seria interessante agrupá-los em classes diferentes. Sendo assim, o conceito de agregados monetários foi desenvolvido levando em conta a liquidez dos ativos, que serão divididos em M1, M2, M3 e M4.

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O M1 tem dois componentes. O primeiro é o papel-moeda em poder do público: cédulas e moedas que os consumidores carregam em suas carteiras ou guardam em casa. O segundo são depósitos em conta corrente. Esses são os ativos de maior liquidez em uma economia.


O M2 é composto pelos ativos do M1 e, adicionalmente, por depósitos remunerados, depósitos em poupança e títulos privados de curto prazo (letras imobiliárias, hipotecárias e de câmbio, por exemplo).

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O M3 compreende os ativos M2, além de aplicações em fundos de renda fixa.


O M4, por fim, além de incluir os meios de pagamento dos grupos anteriores, incorpora títulos públicos de alta liquidez.

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Atenção

Não se preocupe com todas essas definições. Neste momento, o que importa é saber que há ordem decrescente de liquidez: o M1 inclui os ativos mais líquidos da economia e, portanto, mais fáceis para serem usados em trocas por bens e serviços, e o M4 inclui papéis com menor liquidez.

No site do Ipeadata, podemos encontrar dados sobre os agregados monetários da economia brasileira. O gráfico a seguir mostra cada um dos agregados que vimos anteriormente. M1 (azul), M2 (laranja), M3 (cinza) e M4 (amarelo) estão representados. Note que existe uma diferença substancial entre as linhas laranja e azul, mas pouca diferença entre a amarela e a cinza.

Fonte: Adaptado de Ipeadata.

Essas definições, especialmente a de M1, serão de suma importância para entender como a moeda circula na economia.

Taxa de juros

Até aqui, foi possível compreender que muitos ativos, por sua liquidez, podem servir como meio de pagamento. Aprendemos, além disso, como agrupar esses meios de pagamento.

Veremos, agora, como calcular o valor do dinheiro ao longo do tempo, informação essencial para inúmeras transações que ocorrem no sistema financeiro. O conceito de juros é central nesta seção.

É bastante usual escutar que “os juros são o valor do dinheiro”, e isso não está incorreto.

John Maynard Keynes, um dos principais economistas do século XX e autor do livro Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, observou que a riqueza de um indivíduo pode ser preservada tanto em títulos, que rendem juros, como em moeda, que não rende juros, mas tem alta liquidez.

Se uma pessoa alocar seus recursos em moeda, em vez de títulos, ela abrirá mão de juros.

Quanto maior for a taxa de juros da economia, maior será o custo de manter moeda.

Portanto, a demanda por moeda será menor.

Importante

O conceito de taxa interna de retorno (TIR) é bastante útil para medir a taxa de juros. Você poderá estudar detalhadamente esse conceito em um curso de Matemática Financeira. Aqui, usaremos um exemplo simples:

Vamos supor que você queira obter R$1.000,00 e peça recursos emprestados a um colega de turma. Ele aceita fazer negócio, mas afirma que você deve devolver o valor emprestado em um ano, com o acréscimo de R$100,00.

Assista ao vídeo a seguir para ter acesso à resolução desse exemplo:

Esse exemplo nos mostra que existe uma relação negativa entre a taxa de juros e o preço dos ativos.

Caso haja um aumento na taxa de juros, haverá uma queda no preço dos ativos.

Analogamente:

Uma diminuição da taxa de juros gera um aumento no preço dos ativos.

Essa relação entre a taxa de juros e o preço de títulos e ativos nos auxilia a encontrar a TIR, assim como o montante emprestado ou investido — a depender das informações que são dadas de início. Em contrapartida, com uma série de produtos financeiros no mercado, seria interessante saber qual deles nos oferece o maior rendimento possível.

Para tanto, vamos introduzir a ideia de retorno sobre o investimento.

Retorno sobre investimento

Suponha que você tenha comprado um título por R$2.000,00, e que ele possua as seguintes características: paga R$2.000,00 em seu vencimento e tem um pagamento periódico anual de 5% x R$2000,00, ou seja, R$100,00.

A TIR desse título é de 5%. Vamos supor ainda que, após um ano, seja possível vender o ativo em questão por R$2.020,00. Isso já nos renderia R$20,00, mas, para encontrar o seu retorno, deve-se ainda somar o pagamento periódico de R$100,00.

Portanto, o retorno seria encontrado da seguinte forma:

20 + 100 2000 = 120 2000 = 0 , 06 = 6

Essa relação nos ajuda a demonstrar que existe uma diferença entre a taxa de retorno e a TIR que remuneram o investimento. Enquanto a TIR era de 5%, o retorno do investidor que se desfez do título antes do seu vencimento foi de 6%.

Importante

Só há um caso em que as medidas em questão são iguais: quando o investidor mantém o ativo em sua carteira até a data de vencimento. Portanto, caso o investidor decida vender o título antes de sua data de vencimento, ele estará sujeito a perdas e ganhos, o que faz com que haja uma diferença entre a TIR e a taxa de retorno do investimento.

Os títulos de longo prazo são, portanto, mais arriscados do que os de curto: qualquer mudança nas condições de mercado influenciam o primeiro por um prazo maior. Em curto prazo, o investidor pode ter mais tempo para mudar sua estratégia de investimento.

Mudanças no cenário econômico vão desde crises, internas ou externas, até mudanças na taxa de juros que remunera os títulos.

Como forma de mostrar o funcionamento do mecanismo descrito anteriormente, vamos explicar agora como funciona o investimento nos títulos públicos federais no Brasil. No site do Tesouro Direto, você vai encontrar a descrição de cada tipo de título negociado pelo governo brasileiro.

Contudo, podemos dividir esses ativos em dois grandes grupos: pós e prefixados.

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Títulos pós-fixados

Títulos pós-fixados têm seu retorno ligado a algum indexador. Ou seja, o retorno é descrito em função de alguma coisa.

Por exemplo: João empresta R$100,00 a Maria, que deve devolver os R$100,00 mais a taxa de juros SELIC que incide sobre esse valor. Nesse caso, a Selic é o indexador. Se a Selic é de 5%, Maria deve devolver R$105 (R$100 + R$5,00, pois 5% de R$100,00 é igual a R$5,00); se a Selic for de 12%, ela deve pagar R$112,00 (R$100,00 + R$12,00).

A Selic é a taxa básica de juros definida pelo Banco Central do Brasil. Também é comum usar como indexador algum índice de inflação, como o índice de preços ao consumidor amplo (IPCA) — a principal medida de variação de preços no país —, ou até mais de um indexador simultaneamente. Você encontrará esses títulos disponíveis, indexados à Selic e ao IPCA, tais como: “Tesouro Selic” e “Tesouro IPCA”.

Os prazos de vencimento dos títulos, tal como o preço deles, serão distintos. Se o Banco Central alterar a taxa de juros, ou se a inflação mudar, a remuneração será afetada.

Títulos prefixados

Nos títulos prefixados, por outro lado, você saberá quanto vai receber no ato da sua aplicação, caso fique com ele até o vencimento, ou seja, até a data do último pagamento relacionado a esse título.

A taxa de juros será preestabelecida e você receberá o valor aplicado, mais os juros, no vencimento da aplicação. No site do Tesouro, esse título tem o nome de “Tesouro Prefixado”. Nada impede, entretanto, que o investidor venda o título antes da data do vencimento: tal estratégia é largamente utilizada no mercado.

Título

Ativo de renda fixa. Dá direito a um fluxo de renda periódico especificado por alguma regra conhecida no momento da contratação.

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MÓDULO 4


Distinguir a taxa de juros real e o mercado de títulos

Taxas de juros real e nominal

Não é apenas o tempo que afeta o valor do dinheiro: a variação de preços também é bastante relevante. A inflação é nada mais do que um aumento geral no nível de preços da economia e pode acontecer por uma série de razões.

Assim como pode haver aumento no nível de preços, também é possível haver uma queda, que configura o que os economistas chamam de deflação. Portanto, de forma a calcular corretamente os rendimentos de uma aplicação, é necessário usar o conceito de taxa de juros real.

Dica

Aqui, apresentamos uma aproximação da taxa de juros real r. Essa aproximação é útil quando tanto a taxa de juros nominal i quanto a taxa de inflação π são baixas (você poderá estudar o caso geral em um curso de Matemática Financeira).

Escrevemos: r=i-π

Por exemplo: se a taxa de juros nominal é de 10% e a inflação é de 4%, então, a taxa real é de apenas 6%. Se eu pego um empréstimo de $100,00 e pago $110,00, parte desses R$10,00 serve apenas para compensar o aumento de preços no período — não é um ganho real para o emprestador.

Resumindo

A relação acima nos diz que a taxa de juros real r é igual à taxa de juros nominal i, menos o aumento no nível de preços π. Com isso, podemos obter o rendimento de qualquer aplicação com mais precisão.

Essas medidas são de suma importância em países que sofrem com inflação elevada. Caso o rendimento seja inferior à taxa de inflação, o valor da aplicação está sendo corroído pelo aumento no nível de preços.

Em países como o Brasil e outras nações latino-americanas (na década de 1980 e 1990), as equações anteriores se mostraram de suma importância para que os agentes econômicos fossem capazes de tomar decisões corretas sobre consumo e poupança.

Todos os ativos sobre os quais comentamos nas seções anteriores têm oferta e demanda: há quem queira vender, há quem queira comprar.

Vamos calcular o equilíbrio entre oferta e demanda para caracterizar este mercado.

O mercado de títulos

Tanto as empresas como o Governo podem se financiar usando títulos. Pense em uma empresa que deseja expandir suas operações, mas não possui caixa para isso no momento. O Estado também se vale constantemente da emissão de títulos para, por exemplo, tocar projetos de infraestrutura.

Esse instrumento financeiro é muito semelhante ao empréstimo, uma vez que o agente que emite títulos tem que devolver os recursos (acrescidos de juros) aos outros que os adquiriram. Dessa forma, a existência de oferta e demanda por títulos faz com que tenhamos um mercado para esse tipo de ativo.

Assim como temos mercados para leite e carne, para trabalho e máquinas, temos também um mercado para títulos.

O que faz, contudo, que tanto a oferta como a demanda de títulos sejam afetadas?

Assista ao vídeo e veja como a demanda por títulos é afetada por quatro fatores principais: riqueza, retorno esperado, risco e liquidez relativa.

A oferta de títulos, por sua vez, será afetada pela expectativa de lucro dos projetos e pela expectativa de inflação (entre outros fatores que você poderá estudar em cursos de Macroeconomia).

Quando há maior expectativa de lucro dos projetos, as firmas emitem títulos para captar recursos e tirar projetos do papel. Tal fato é bastante comum quando há forte crescimento econômico e as oportunidades de negócio se revelam mais lucrativas.

Exemplo

Se a Vale descobre uma grande reserva de minério de ferro, surge uma nova expectativa de lucro, o que facilita a captação dos recursos necessários para explorar a região.

Vimos na seção anterior que, quando estamos lidando com projetos no mundo real, o que realmente importa é a taxa de juros real. Quando há um aumento no nível geral de preços, mantendo a taxa nominal constante, a taxa de juros real é reduzida. Isso implica que projetos que antes não valiam a pena acabam se mostrando rentáveis.

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Conclusão

Considerações Finais

Ao longo deste tema, estudamos o sistema financeiro e vimos algumas das instituições e instrumentos mais importantes. Compreendemos como esse sistema se desenvolve a partir de preocupações com assimetria informacional entre as famílias e firmas em uma economia. Aprendemos sobre a moeda e suas funções, bem como sobre a taxa de juros.

Todos os assuntos abordados neste tema fazem parte da vida cotidiana. Preste atenção à sua volta: como um produto bancário lida com o problema de informação assimétrica? Quais serão os impactos na sociedade (e nos seus planos financeiros) de uma mudança na taxa de juros por parte do Banco Central?

Tente usar o que aprendemos neste tema para obter uma visão organizada e fundamentada desses fatos.

Podcast

CONQUISTAS

Você atingiu os seguintes objetivos:

Identificou as funções do sistema financeiro e seus instrumentos

Reconheceu as funções da moeda e a importância dos intermediários financeiros

Aprendeu a calcular agregados monetários e a Taxa Interna de Retorno (TIR)

Aprendeu sobre a taxa de juros real e o mercado de títulos